30 de abril de 2009

“- E quando finalmente a criança consegue erguer o seu castelo, vem a onda e o castelo leva, abalando os pequeninos grãos de areia que se encontram tão juntos uns aos outros, que parecem um só, levando-os de volta para as profundezas de onde vieram, arrastando-os do lugar que tão bem conhecem, dos grãos que tão bem lhe fazem. E se a vida for como uma enorme praia, cheia de pequenos grãos que se completam em grandes castelos, e que subitamente são levados pela maré? E se a vida fosse como uma praia, onde os pequenos grãos são pisados sem se aperceberem, por enormes pegadas despreocupadas e desatentas?! E se fosse como uma praia, que vê os seus limites abalados pela forte maré, que tudo puxa, que tudo leva?!
...
-E se a vida fosse uma praia?! Gostaríamos nós de ser um simples grão de areia, ou uma onda que tudo leva? E se fosse uma praia? Gostaríamos nós que nos pegassem, molhassem, e construíssem com o nosso corpo um enorme castelo, para depois sermos derrubados juntamente com ele? E se fosse uma praia e nós pequenos grãos de areia dum enorme castelo?"